RIO - Vegas After Effects e Soundforge. Nomes típicos no mundo da informática são cada vez mais comuns no cotidiano da Polícia Civil. Os programas de computador para edição de imagem e som são usados pelas equipes da 15ª DP (Gávea) e da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescentes (DPCA).
Com os novos equipamentos, os policiais produzem filmes que parecem documentários sobre o trabalho desenvolvido nas investigações. São gravações de imagens e escutas telefônicas em uma seqüência explicativa, acompanhada de trilha sonora.
Pioneiro no trabalho, o inpetor Reinaldo Leal explica que a idéia surgiu para melhorar as investigações:
- O CD é anexado ao inquérito. Com a imagem, fica mais fácil para os promotores e juízes. Sintetizamos a investigação em alguns minutos.
Experiência começou há cinco anos
Para montar o DVD sobre a investigação, o inspetor Leal conta com uma sala especial dentro da delegacia da Gávea. Lá, ficam guardados o computador, com dois monitores interligados, as câmeras, o gravador, o rastreador e até mesmo um telescópio. Na primeira vez em que a tecnologia foi usada, em 2003, tudo ainda era novidade e o trabalho não tinha qualidade. Cinco anos depois, todos os policiais da 15ª DP levam as câmeras para a rua.
- Já está na mecânica de trabalho da equipe. Quem vê o trabalho final não imagina que a polícia possa fazer isso - disse Alexandre Estelita, chefe de investigações da delegacia.
Trabalhando no computador de casa ou na delegacia, Leal demora até três dias para terminar o vídeo sobre as operações. Para o trabalho ter qualidade, o material precisa estar pronto antes das prisões. A imagens são mostradas para toda a equipe.
- Aprendi tudo sozinho. Atualmente, participo de fóruns na internet ensinando algo o que aprendi - disse o inspetor, que já foi responsável por um curso para outros policiais na Academia de Polícia (Acadepol).
Vídeos aceitos como provas pela Justiça
O trabalho na Acadepol surtiu efeito e outras delegacias já estão preparando materiais parecidos no Rio. O delegado Deoclécio de Assis, que fazia parte da mesma equipe até assumir a titularidade da DPCA, acredita que a produção dos vídeos facilita o trabalho de investigação, porque podem ser usados como prova na Justiça.
- Quando era só escuta (dos suspeitos), a defesa alegava que as vozes não eram dos acusados. Agora, não tem mais jeito, a imagem diz tudo. É um instrumento de provas poderoso para os juízes - afirmou o delegado.
Segundo Deoclécio, os advogados de defesa dos suspeitos sempre tentam acusar os policiais de invasão de privacidade, por causa das filmagens, mas não conseguem atrapalhar a investigação.
- Quando a situação é flagrante, a defesa não pode fazer nada. Serve como prova - disse Deoclécio.
Na DPCA, os inspetores Celso e Pires ficaram responsáveis pelos vídeos da delegacia durante as investigações.
Camilo Coelho - Extra
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